Desejo infantil

Letra: Tó Moliças / Popular

Sem ver que os anos consomem
As ilusões lentamente
Desejei infantilmente
Crescer, ter barba e ser homem

Paraíso de ternura
É o mundo da criança
Que brinca com a doce esperança
Com a bondade e com a ventura
Sem pensar na desventura
Que o homem tem por ser homem
Neste mudo de desordem
De ilusões e desenganos
Brincam dias, brincam anos
Sem ver que os anos consomem

Consomem a felicidade
De ser sempre pequenino
Como é o Deus menino
E dão a rivalidade
A inveja e a maldade
De ser mais, de ser diferente
E matam constantemente
A pureza, a gratidão
E apagam no coração
As ilusões lentamente

Como criança que chora
Por um estranho brinquedo
Eu quis um dia, sem medo
Marchar pelos anos fora
Desgosto que me devora
E me abate tristemente
Quis ser grande, quis ser gente
Quis dar mimo e dar carinho
E ter um dia um paizinho
Desejei infantilmente

Que o mundo fique parado
Que os filhos não cresçam mais
P'ra não haver nunca mais
Um Jesus crucificado
Oh meu Deus idolatrado
Dá tua divina ordem
P'ra que um dia se transformem
Os caprichos do destino
P'ra nunca mais um menino

Crescer, ter barba e ser homem