Com que voz

Luiz de Camões / Alain Oulman

Com que voz,
Chorarei meu triste fado,
Que em tão dura paixão me sepultou
Que amor não seja a dor que me deixou
O tempo, de meu bem desenganado

Mas chorar não estima neste estado
Aonde suspirar nunca aproveitou
Triste quero viver, pois se mudou
Em tristeza a alegria do passado

Assim a vida passo descontente,
Ao som nesta prisão do grilhão duro
Que lastima ao pé, que a sofre e sente

De tanto mal, a causa é amor puro,
Devido a quem de mim tenho ausente,
Por quem a vida e bens dele aventuro