Trem desmantelado

Carlos Conde / Raúl Pereira

Fui hoje ver um trem desmantelado
Na Quinta do Zé Grande em Odivelas
Se há relíquias que são traços de fado
Aquela traquitana é uma delas

Foi lá que a Júlia Mendes certa vez
Ferida de ciúme e paixão cega
Entrou no pátio velho de um Marquês
Para uma ceia típica na adega
Entrou no pátio velho de um Marquês

Noite alta, canjirões, fado e rambóia
O Zé da Praça entrou, fez burburinho
Trouxe a Júlia na frente p’ra tipóia
E fizeram as pazes no caminho

Quantas ceias iguais, de amor e fado
De ciúme e de sangue, algumas delas
Se viveram no trem desmantelado
Que eu vi hoje na Quinta de Odivelas