Letra: João de Vasconcelos e Sá
(Fado Corrido)
Terra de grandes
barrigas
Onde há tanta gente
gorda
Ás sopas chamam
açorda
E à açorda
chamam-lhe migas
Ás razões chamam
cantigas
Milhaduras são
gorjetas
Maleitas dizem
maletas
Em vez de encostas
chapadas
Em vez de açoites
nalgadas
E as bolotas são
boletas
Terra mole é
atasquero
Ir embora é abalari
Deitar fora é
aventari
Fita de coiro é
apero
Vaso com planta é
cravero
Carpinteiro é
abegão
E a choupana é
cabanão
E às hortas chamam
hortejos
Os cestos são
cabanejos
E ao trigo chama-se
pão
No resto de
Portugal
Ninguém diz
palavras tais
As terras baixas
são vais
Monte de feno é
frascal
Vestir bem parece
mal
À aveia chamam
cevada
E ao bofetão
orelhada
Alcofa grande é
gorpelha
Égua lazã é
vermelha
Poldra Isabel é
melada
Quando um tipo está
doente
Logo dizem que está
morto
E a todo o vau
chamam porto
Chamam gajo a toda
a gente
Prantar safões é
corrente
Por acaso é por
atrego
E ao saco
chamam talego
E até nas classes
mais ricas
Ser janota é ser
maricas
Ser beirão é ser
galego
Os porcos medem-se
às varas
E o peixe vende-se
aos kilos
E a gente pasma de
ouvi-los
Usar maneiras tão
raras
Chamam relvas às
searas
Ás vezes não sei
porquê
E tratam por vomecê
Pessoas a quem
venero
Não quero, diz-se
nã quero
Eu
não sei, diz-se ê nã sê